Apesar de todos os apertos - os principais sendo a costura e o prazo -, ou até mesmo por causa deles, desenvolver esse projeto foi um desafio extremamente divertido. Os temas envolvidos me agradam - paintball, armor suits, videogames - e até as tarefas mais chatas e operacionais foram surpreendentemente leves. A minha grande conclusão ao sair da escola e a minha dica pra quem estiver pensando no que fazer de TCC: faça o que você gosta que fica tudo mais fácil.
Enfim. A anedota:
O projeto foi apresentado à banca de TCC da UEMG na manhã do dia 16 de Dezembro de 2011. Foram cerca de 30 horas seguidas de trabalho para confeccionar o modelo a partir dos três protótipos que eu vinha desenvolvendo ao longo de um mês. A apresentação estava marcada para as 8:00 da manhã mas só consegui chegar ao prédio da UEMG às 11:00, já que às 7:00 eu estava começando a montar os slides que eu teria de apresentar. Meu orientador teve a presença de espírito de me colocar como último na ordem dos graduandos sendo avaliados pela banca naquele dia e foi isso que me salvou.
E aqui está o resultado daquelas 30 horas cortando, colando e costurando loucamente:
Placas peitorais de EVA com alívios para permitir os movimentos mais comuns no jogo - se inclinar e dobrar para a frente, flexionando o abdomen, e fechar os braços para segurar o marcador. As placas abdominais possuem 3 fileiras MOLLE, (3 colunas nas duas de cima, 4 colunas na de baixo). A útima fileira é mais justa para evitar que o equipamento fique frouxo ou balançando.
Duas placas grandes e segmentadas protegem o alto das costas deixando a linha da coluna livre para a movimentação e a área do topo também livre, para evitar que haja interferência da veste com uma máscara de cobertura total e o incômodo de uma peça rígida contra a nuca. Na parte mais baixa dessas placas costais existem duas fileiras MOLLE de 3 colunas. Os dois protetores lombares laterais segmentados são equipados com 4 fileiras MOLLE (3 colunas cada). O protetor lombar central também possui 4 fileiras MOLLE, com 3 colunas (a do topo) e 4 colunas.
O ajuste da veste é feito em seis pontos: duas tiras de nylon de 50mm por cima dos ombros, duas tiras de nylon de 25mm entre as placas costais e as placas peitorais e duas tiras de 25mm entre as placas lombares e as abdominais. Todas as tiras são fixadas por ajustadores metálicos. Além disso há um ziper heavy duty metálico usado para fechar a frente do suit.
Aqui a veste é vista com o módulo RAPTOR (a manga, com proteção leve e espaço para patches).
A veste é composta por 3 peças: frentes direita e esquerda e costas. Com o ziper aberto é possível ver as quatro tiras de ajuste lateral e o overlap da peça traseira. As abas cinzas são de malha de poliéster emborrachado com PU, que é o mesmo tipo de material que recobre as placas de EVA, só que em uma gramatura muito maior. Esse material das abas se comporta de forma interessante: apesar de se dobrar e curvar com facilidade ele é rígido como papelão. As abas são responsáveis por absorver os tiros dados contra a lateral do jogador, cobrindo o ponto fraco da veste.
As três vistas roupa. Na foto da direita é possível ver as duas tiras de nylon de 25mm com velcro que fazem a fixação das abas ao tronco do jogador. Essa fixação dá a sensação de firmeza na veste que eu tanto busquei. Com essas tiras fechadas dá pra achar que o suit é integrado no seu corpo (a graaande viagem dos suits e armaduras futuristas =D ).
Uma das metades da frente em detalhes: as peças da frente e de trás são unidas apenas pelas tiras de ajuste. Enquanto que as tiras não se afrouxam (e muito menos se soltam) na correria do jogo, elas são extremamente fáceis de soltar depois que se tira o suit. A idéia é que seja possível lavar só a parte da roupa que foi atingida durante uma partida ou facilitar na hora de dar algum tipo de manutenção.
O forro da parte da frente, mostrando as costuras que seguram as placas e as costuras que evitam que bolsões surjam entre o forro e o tecido externo. No topo da peça, na altura do ombro, o tecido é trocado por Acoplado, aquele tecido que geralmente é usado em tiras de mochila. É uma espécie de tela espenjosa, que permite uma ótima ventilação.
Topo à esquerda: Detalhe da placa abdominal;
Topo à direita: Detalhe da tira de fixação do ombro;
Baixo: Detalhe da fixação da placa peitoral e de sua tira de ajuste. A costura que prende a tira no lugar fica oculta pela placa.
Peça traseira em detalhe. São visíveis as abas com suas tiras e anéis de fixação, as costuras que estruturam o forro junto do tecido externo, as costuras de fixação das placas de EVA e o acoplado na altura do ombro.
Topo à esquerda: Acoplado da área do ombro com anel de suporte para a manga (módulo RAPTOR);
Topo à direita: Tiras de fechamento das abas. Elas possuem um elástico que cria uma "folga" variável (aquele arco na tira). Para fechar a roupa essas tiras são passadas pelos anéis na aba oposta e fechadas sobre si mesmas com velcro. O elástico permite um bom ajuste sem impedir a movimentação da caixa torácica resultante da respiração.
Baixo: Aba com os anéis. É possível ver também um dos ajustadores laterais.
Vista externa da peça traseira.
Esquerda: Placa lombar com sistema MOLLE e o ajustador correspondente à tira de nylon da placa abdominal.
Direita: Placa lombar central, que se extende verticalmente até metade das costas. Quando uma pessoa se curva para a frente ou aproxima os joelhos do peito (numa posição protetiva) a coluna fica mais saliente em sua metade inferior. Esta peça protege as vértebras nessa região.
Esquerda: Placa costal, que possui um grande sulco vertical para permitir movimentos em que os ombros são jogados para trás e o peito expandido. A metade de cima dessa placa possui uma camada dupla de EVA, sendo mais rígida e dissipando mais intensamente o impacto de paitballs. O anel de ajuste correspondente à tira da placa peitoral é fixado nessa peça.
Direita: Um uso que ficou de ser melhor estudado foi o de uma laçada para fixação do tanque no alto das costas. Por hora serve para pendurar o suit no guarda-roupa.
Aqui temos o módulo F.L.A.P. avulso e sendo instalado na veste. O escudo existente nesse módulo é perfeito para receber insígnias e logos de equipes, enquanto o velcro é ideal para a fixação de patches com nome e tipo sanguíneo, entre outros.
Protótipo Mk I
Protótipo Mk II
Protótipo Mk III
Apesar de ser o mais simples em suas formas este protótipo serviu como um verdadeiro mapa para o (nada fácil) trabalho de posicionamento das placas. Desenhadas em vermelho estão os contornos de cada placa. Eventualmente eu colei os componentes já fabricados com centenas de pedaços de fita isolante para experimentar alguns movimentos e a distribuição do peso do modelo final.
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Os slides que eu fiz para a apresentação para a banca são 100% temáticos, sendo inspirados nos menus de uma das minhas franquias de jogos favorita e com um fortíssimo foco em suits e body-armors: Crysis.
A quem interessar, o .PDF com a apresentaçao completa tá aqui pra download.
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Finalizando o projeto (aleluia!) só me resta agradecer ao apoio GIGANTE que eu recebi:
- da minha família. Vó Glorinha veio de outra cidade me ensinar a costurar! Minha mãe agüentou 2 meses de pandemônio criativo em casa e meu pai meio que deixou eu largar a Engenharia Mecânica pra fazer Design de Produto.
- dos amigos da turma noturna do Design de Produto/08, sempre compreensíveis quando eu tinha que sair mais cedo do boteco
- do pessoal do GrãoStudio, que me deram tantas folgas quanto eu precisei
- da galera do paintballcenario.com.br com as melhores críticas e dicas possíveis (Taguchi, Cypress, Fabao, Ley, Caue, MarioCarioca, Mauhilst, Luis Rodrigo, geral lá!)
- da minha namorada, que fez vigília comigo nas últimas 24 horas
- do Heleno, o orientador de TCC mais tranquilo que eu já vi e que salvou meu pescoço quando eu não sabia nem por onde começar.
Sem essa ajuda toda esse projeto ia ser só mais um amontoado de rabiscos e anotações em algum caderno meu. Mas agora que ele saiu do papel e tal, quem quer levar uns tiros de tinta aí?
